Não sei se fico.
Minha âncora oxidou
Não me prende ao fundo das questões
Não sei se vou embora
Meu míope inifinito
parece-me reticências mortas
Metade de mim, ateia fogo às vestes
Metade de mim, banha-se em mel
Acaricia areia
Afaga os gatos e os cães
Silencia diante afetos
Comemora diante rimas
que não combinam com a realidade.
Um ponto fora da curva
Uma reta que vai ao infinito
Uma circunferência concêntrica
Eixo
Alvo
Mira
As vezes erro o alvo
As vezes me compadeço da caça
E dispo de ser o caçador.
As vezes quero a vingança geométrica
As vezes quero apenas a compreensão
equacionada num abraço.
A adição me traz a ilusão de crescer
Mas crescer é envelhecer
E só enxergo subtração...
Perde-se a jovialidade
Perde-se a ingenuidade
Perde-se a esperança pueril
Perde-se a misoginia de crianças
E na vaidade
fica o registro do que foi
do que quer ser lembrado
do que marcou como ápice...
E o abismo nos nossos pés
a crepitar em silêncio
a decaência diária
em direção à morte.
Vivemos no impasse
No fio do paradoxo
a cortar caminhos,
destinos,sinas e
profecias...
Estaria tudo escrito?
Estaria tudo tecido pelas moiras?
Como escapar da trama trágica?
dos dias
das noites insones
da culpa latejante na alma.
A sóbria decisão de ser poeta.
de rir do acaso
De olhar para o abismo
e adentrá-lo
na certeza de haver outros
caminhos,
outras dúvidas,
outro renascimento.
Para a vida eterna dos
sentimentos e dos afetos
bordados delicadamente
nas notas de rodapé.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/09/2016
Alterado em 16/09/2016