Quando o próprio veneno nos mata
O que comemos
O que respiramos
O enxovalho engolido em silêncio
A humilhação deglutida em público
A vergonha explícita de urticárias
E a febre
E a dor no estômago
Como se fosse socos amortecidos no ego.
O que será que me fez mal?
O espírito que não cabe no corpo?
O corpo que não consegue abrigar o espírito?
Os ventos nos quais não embarquei.
Os cais onde não me atrelei.
Ou simplesmente aquilo que adentrou-se
sub-repticiamente
como um espião que quer lhe entregar
à traição da gula...
ou a cobiça do alheio.
Intoxicação.
Dores.
Rejeição.
Antidoto.
Colhido em letargia.
Repouso forçado.
Mãos em oração.
Latim de Agnus Dei
Seis horas.
Jejum.absoluto.
Purifiquei-me.
Estou há mais de vinte e quatro horas
em estado de anjo.
Alimentando de luz.
E vertendo barro.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/08/2016
Alterado em 12/08/2016