Não quero ser uma.
Quero ser múltipla.
Várias.
E diversas
dispersas por toda a existência
Nos mil cantos do planeta.
Quero o silêncio
como quero a palavra.
Quero o olhar,
como quero o toque.
Quero a sensibilidade,
o afeto e até o espanto.
Só não quero ser a indiferença.
Não quero ser
o deserto de sentimentos
e de paixões.
Não quero refugar a dor.
Não quero negar o erro.
Não quero escapar da situação.
Não quero a rota de fuga.
Não quero o último desejo.
Mas quero as promessas de futuro
e de presente.
Quero a poesia pretérita.
Não quero ser um.
Não posso me concentrar tanto
Não consigo resumir tudo
Sintetizar a clorofila
e a camada de ozônio.
Não quero ser um.
Quero ser o outro ou a outra.
Quero ser aqui e o além.
Que lhe dê a paz de vez em quando
Para quando você
voltar para guerra
Você seja um guerreiro
generoso
que ama mais a paz
do que a vitória.
Não quero ser um.
Quero estar tatuada na
sua lembrança
nas brisas da manhã,
nos raios alaranjados da tarde,
para bronzear em seu semblante
a luz da saudade.
E quando você finalmente lembrar
de esquecer-me
eu seja uma entre muitas
que você amou.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 31/07/2016
Alterado em 31/07/2016