Posso chorar as lágrimas
da chuva,
as gotas mágicas que molham
a terra,
engrossando rios,
e desaguam no mar.
Posso chorar pelo dia lindo
que fenece ao entardecer.
Posso chorar
pela emoção avassaladora
qe carrega meu peito
para o abismo.
E no turbilhão
de sentimentos e razões.
Equilibro meu olhar
através da refração d' água...
Inexorável.
Não posso fugir da chuva.
Não posso fugir das lágrimas.
Não posso escapar da mágoa
Tenho cicatrizes fechadas
e outras que volto a abrir...
Feridas lavadas.
Feridas limpas.
Feridas honestas
e dores mestras.
Na delicadeza da gota,
na esferidade sábia
que escorrega até a boca.
Molha-se a palavra.
Umedece-se o fonema.
E tudo é perdão
sem a menor razão de ser.
Posso ter guarda-chuvas.
Posso ter cofres.
Posso ter gavetas.
Mas é em minha poesia
que tenho meu único tesouro.
Os afetos e as emoções
que passam.
E as que esquecerei
quando o coração estiver
transbordando...
A chuva humana
se esvai em ralos,
canaletas e fendas.
Deixa vestígios.
Lamas, esculturas
e pequenos córregos
onde navega o lirismo
encharcado de fantasia.
E embalado em lendas.
Posso chorar as lágrimas
da chuva...
E planejar as quimeras
do vento.
Não sou quem chora.
Sou apenas quem chove.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/06/2016