Diante de sua presença.
Que entra por todos os poros...
E adentra ao olhar
como uma lâmina
perfurocontundente.
A rasgar
hiprocrisias.
A interromper
o silêncio das essências.
Quando a luz do luar
ilumina os sonhos.
Então,
diante da sua primeira
palavra
já tinha lido todo o discurso,
já tinha revelado o romance.
Havia uma gramática
nos seus sentimentos
E. as orações coordenadas
e subordinadas
ajoelhavam-se na consciência.
Na sintaxe das pernas
perdia-se o caminho.
Não hesitava.
Não duvidava.
Não negava.
A entregar-se
A dedicar-se ao infinito
A contemplação mágica.
Ao método peripatético.
Falar e orquestrar fonemas
em torno dos signos.
Tripudiar sobre os limites
Ultrapassar fronteiras
E fabricar milagre,
todos os dias.
Na prática sobreviente
da transcendência...
Só por conta do milagre
Que a mágica se repete.
E encanta
E alucina os sentidos
e enleva a alma...
Na poesia, o milagre
incendeia e incinera
os resíduos,
as mágoas,
e, os rancores.
No espelho da detração.
Percebo o que me incomoda
em você.
O desalinho proposital.
A finalidade disfarçada.
A mão cálida
a tocar a primavera
E aquecer o inverno.
Há um milagre a espreita.
Nos cantos,
nas esquinas,
nas parábolas
e nos enigmas.
Principalmente
nos indecifráveis.
Porque sobrevivem aos sábios
e aos ignorantes.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 29/06/2016
Alterado em 29/06/2016