Olhares duelam disputando
a presença fria
Sorrisos contidos.
Palavras ceifadas.
Imagens queimam retinas
que se entortam
para galgar melhor ótica.
É possível ver-se?
A miopia e a surdez
dimensionam novos quadros
semânticos.
No fundo da cuia da fonética
dormem gemidos,
há dormentes rancores,
ódios explícitos e
amores retalhados
pela chibata do tempo...
Nossos olhares esgrimam
em silêncio.
Não nos cumprimentamos.
Apenas tangenciei
seu caminho
como um corisco
riscando vestígio
em silêncio.
O silêncio
tinha a mais extensa
redação já vista
A narrar a falsa indiferença.
No crochet complicado
das blusas,
há sentimentos presos
aos nós
dos quais nos libertamos.
Será possível mesmo ser livre?
Em silêncio
nos vestimos publicamente de
ausências poéticas,
lirismos noturnos
e do paetê da mentira.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/06/2016
Alterado em 07/08/2017