Tenho vergonha de minha poesia
Ela escorre lânguida
pelo chão da sala
e se aloja bem debaixo dos pés
dos passantes
Faz tropeçar
os bailarinos ocasionais
Tenho vergonha de minha poesia
Pois ela é buliçosa.
Mexe com tudo e com todos.
Inadvertidamente.
Faz troça.
Faz ironia.
Faz rima e alegoria
de uma realidade dura de
fazer ranger os dentes.
Tenho vergonha de minha poesia
caucasiana e
caucárea
que o vento leva por vaidade,
que a chuva molha com vontade,
e faz uma lama misturada
com paetês e verdades.
Tenho vergonha de minha poesia.
Pois ela não é técnica.
Não é atenta.
Não é estudiosa.
Não é nada.
Vive furtivamente no
cantinho esquerdo do
esquecimento que se encontra
todos os dias com Dona Saudade.
E suspira...
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/06/2016