Era um dia que nascia sem manhã
O orvalho havia secado sobre a flôr
Deixando uma nódoa discreta
Era um dia sem sol
nublado e cinzento...
os olhos não brilhavam,
os lábios não conheciam as palavras,
reinava um silêncio
sólido como obelisco.
Era um dia manchado por nuvens
rasgadas num céu que perdeu
o azul.
Havia uma tristeza bêbada
encostada em cada esquina...
Havia uma nostalgia
em contemplar a rua nova
e a velha rua
que só conhece a memória...
E, quando ruir
em esquecimento
Nunca mais atravessarei
aquela avenida...
repleta de cheiros,
emoções e signos indecifrados.
Vem um tempo novo
inédito,
nunca vivido e
nem imaginado
que vem
andando em trilhos.
Silenciosamente.
Há uma leveza tão densa
que é possível cortá-la com
uma navalha
e, no fosso de lirismo
recolher as lágrimas e o suor
para regar a primavera
que ainda virá...
Trilhos.
Caminhos marcados.
Definitivos. inexoráveis.
Paradas programadas
e previsíveis.
A expectativa de movimento.
A inércia vencida.
O passado proscrito
nas retinas lacradas
dos ventos..
Vertigem.
Saudades.
Despedida.
Estamos o tempo todo
subrepticiamente
dizendo adeus,
em gestos, passos e
por caminhos
onde de nós e de tudo
sempre restou
um pouco...
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 10/06/2016