Esse degelo de seus olhos
desce até a boca
e, molha a palavra
que morre em silêncio
Esse degelo de sua alma
derrete até o fundo do poço
e, lá se perde
no calor das emoções perdidas
Degelo.
Viração.
Ventania
Tempestades
Apocalipse.
Redemoinhos.
Moendo tudo.
Misturando tudo.
Girando constantemente.
Até perder o eixo.
Até perder a dor
de ter raízes.
de ter ficado.
enquanto todos partiram.
O relógio gira ocupado.
Em fazer o tempo passar.
A memória gira confusa.
Em trocar datas, momentos e
sentimentos.
Não sei se sinto pena ou saudade.
Não sei se sinto agonia ou lirismo.
Há um gole que ainda não verti.
Há um golpe que ainda não desferi,
Escolher com precisão afiada
a hora de partir...
De não ser um peso morto
e mórbido...
A destrinchar os paradoxos
solenes e insondáveis.
No mundo líquido,
o sólido é sabotado,
o pardo é pálido,
e o autêntico
sofre por carência de amor.
No degelo dos afetos,
das paixões,
das solidões,
resta a gota de orvalho
na manhã imprecisa.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/05/2016
Alterado em 08/06/2016