Silêncio costurado
Meus lábios estão selados com silêncio
e as palavras sobrevivem com decência
mas mediante sussurros
Não posso exibir raiva
Não posso pertencer ao ódio
Não posso.
Meus nervos retesam em dor e suplício.
Meus passos são pedaços de mim no caminho.
São migalhas de vida.
São saudades perdidas...
No caos presente nos abismos.
Há plurais singulares.
Há singulares que são plurais.
Há a combinação exata do acaso.
Há a insensata incerteza
nas dúvidas pontuais...
Meus estão selados.
Privo-me da fala.
Da fonética.
Da saborosa semântica
de vervos e adjetivos solenes.
Dialogar um ritual
civilizatório.
Atravessar o logos.
Atravessar a lógica
e no final da dialética.
Contruir a síntese...
E, aperfeiçoa-la
constantemente...
Existirão sempre novas sínteses.
Ajustes constantes
Metabolismos errantes.
Dinâmicas contundentes
E inércia aprendiz.
No silêncio da tarde
entendo o barulho
da consciência.
Não cogito em culpa.
Mas, assino a cumplicidade
patente
e patética
de quem vê
o relógio envelhecer...
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/04/2016