Pode ser que não encontremos olhos
Pode ser que não existam miragens
Só a imaginação flua
leve sobre um chão duro
Pode ser que eu duvide
Pode ser que eu creia
Há mais crenças nas dúvidas
Do que crenças em certezas
Há um ritual linguístico,
corporal e etéreo.
Da alma saem as cores da primavera
Do frio do inverno saem os poléns
da meditação.
Sentimentos percorrem ventos frios.
Angústias seguem por chuvas intensas
E ódios catárticos expelem raios
que brilham em meio a solidão.
Pode ser que não haja visão.
Que a percepção esteja cega e apática.
Que nossos gestos sejam niilistas.
Nossas palavras ocas.
E os segredos sejam públicos
Como são públicas as ruas e praças.
As poesias intrínsecas.
O lirismo tímido das horas.
E a inexorável madrugada
com sede de dia
Mas, sem a claridade das manhãs.
A geometria ocular.
A trigonometria das luzes.
A aritmética das formas.
Somadas, multiplicadas e divididas
formam o infinito mais belo
que existe..
Ainda que não haja olhos
para enxergar
e mergulhar na profundidade
do óbvio.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/03/2016