Digitalmente amando
Digitalmente teclando
letras, palavras sem nenhum fonema.
Há silêncio estrondoso
repleto de significados
embriagados.
Há signos suicidas
que apontam o abismo.
Que transbordam dos copos
de vinho.
Há verdades limítrofes.
Que flertam com a hipocrisia.
E casam com a moralidade.
Estamos no mundo digital.
Mensagens, torpedos e emoticons.
Bonecos riam e gargalham.
Quando a comédia extinta
está estampada na rotina.
No mundo digital
há pedidos digitados
que desconhecem a voz do pedinte.
Que desconhecem a agonia de ser humano.
E abandonado no vasto mundo
Repleto de desertos inimpreenchíveis.
Digitalmente teclo uma mensagem
Estou doente.
Ausentar-me-ia.
Percebi que sou extremamente formal.
Moldura de meu tempo.
Não escrevo palavras abreviadas
E nem acho educado ir direto ao ponto.
Há um périplo delicado a se cobrir
Há um arco da promessa a ser sussurado
Há um toque que se equilibra
na lâmina
Não resulta em corte.
Não há dor digital.
Não há sofrimento digital.
Somente o real, o duro e indefectível
sofrer, por meio de mensagens ou
poesias.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 22/02/2016