Meia-noite
À meia-noite
há meia escuridão
e uma claridade absurda.
As ideias bailam escritas nas nuvens.
Pensamento personificam.
Conversam.
Contam piadas e fazem ironias finas.
Como o fio de navalha.
À meia-noite.
há um ritual lento e hipnótico,
palavras dançam no ritmo enigmático.
Parecem querer expressar...
como catarse e epilepsia.
Todas as dores,
todas as perdas e cantam toadas
da sorte e de ciganos.
Há segredos que só soltam à meia-noite,
à meia-luz.
Há uma criptografia mágica no silêncio
repleto de significados,
signos abstraídos de uma rotina
burocrática.
Há cicatrizes que se curam
e desaparecem...
Daqui há pouco ao raiar do sol
cansado de tanto horizonte.
Verticalizo seus tons avermelhados.
E rubra vou dormir...
aquecida com a ideia do sol a queimar
poeticamente a manhã.
À meia-noite os relógios parecem
bússolas a apontarem para cima...
O que há além de nós?
Antes de nós?
Maior e mais poderoso que nós?
Como posso enxergar tudo
que está nos céus?...
se ele me mente que é azul...
Há verdades absolutas à meia-noite.
Pena, que só aparecem pela metade.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/02/2016