Posso ter o infinito
E não posso ter você
Posso dizer coisas e poesias
E não falar com você.
Nunca mais falar com você.
Há silêncios indecifráveis.
Há pergaminhos perdidos.
Elos quebrados.
Reticências assustadas.
Há tragédias entremeadas em comédias.
Há na lágrima, um riso...
E há uma lágrima, num sorriso
A saudade que sinto
O que faço com o baú de inutilidades?
Saio despejando por ai afora.
Deixando vestígios.
Pedaços de mim, de você, ou de nós.
Até que um dia,
não haverá mais vestígios.
Não me lembrarei da promessa
Não me lembrarei
nem do começo e nem do fim.
Seria um ser sem coração...
Mas recheado de razões contraditórias
De paradoxos não resolvidos.
Numa estranheza complexa
E retilínea.
Que transborda em cada manhã
O calor de sua mão.
O som de suas palavras.
O seu andar e o eco
dos passos no corredor.
Que terminava no abismo óbvio.
O copo vazio e cheio de ilusão.
E a lucidez embriagadora.
A cada instante...
séculos passam
fósseis registram suas vidas.
palavras registram signos
desenhos bailam no abstrato
e chovem vermelhos ao cair da tarde.
Que cai junto com as lágrimas.
Posso ter o infinito.
Conhecer a morte.
Voltar à vida.
E carregar o mistério
dos desencontros.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/02/2016