Torpor
Os olhos falam silenciosamente...
A boca espia verbalmente
E profere fonemas como facas que atingem a
consciência dormente.
Estrelas regem as ondas do mar.
As luas regem os nascimentos.
Olhos regem a estética de forma espartana.
Bocas regem o coral da semântica.
Mas os sentidos gemem, gritam e agonizam.
Afogam-se em lágrimas
Pulam entre soluços
Segregam o corpo e se consolam na alma.
Esticada no varal do tempo.
Ventos varrem lembranças.
Saudades tremulam em flâmulas
na torcida do time que perdeu.
O que nos faz falta.
Não voltará.
Nunca mais.
Não há reticências.
Não há bilhetes amassados.
Vestígios pela casa.
Recados pendurados no enigma diário.
Ainda assim.
Os olhos voltam a falar silenciosamente.
A boca enxerga os sabores das palavras.
E a consciência acordam tão lentamente
Que a poesia é o torpor
permanente de se viver
na intensidade,
a maior profundidade que possível.
Viver verticalmente.
Viver tridimensionalmente.
Por olhos e estrelas.
Por bocas e luas.
Por ventos e saudades trigonométricas.
A equação é poema.
É a estratagema para fugir
da solidão.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/02/2016