Bastava uma simples palavra minha.
E tudo estava acabado.
Não restariam nem os vestígios.
Nem vírgulas
Nem reticências...
Um mero aceno de minhas mãos atadas.
E toda a realidade se modificaria
definitivamente,
prontamente...
O desfecho seria dado.
Com a naturalidade das tragédias
cotidianas.
Mas, eu não tinha coragem.
Mas, eu não tinha toda a crueldade necessária.
Mas, eu não podia assumir tanto poder
De vida e de morte sobre qualquer criatura.
Ainda que merecesse.
Ainda que no passado a fúria crepitasse
Ainda que ouvisse a alma em agonia
gemer em dor e tortura
por ser infeliz e
presenciar a imolação sem anestésico.
Devo ser covarde.
Devo ser um inseto.
Devo ser um vegetal
que só conhece a luz da fotossíntese...
E que corrói os intestinos
silenciosamente...
Lavando a consciência
no esquecimento diário
de ter você
sido em algum dia
importante para mim.
Bastava uma palavra.
apenas uma..
Mas, não bastaram as poesias.
E foram muitas.
Que socorram aos que calam
quando gritam...
Que socorram aos que choram
quando sorriem...
Que socorram aos que lutam
quando se acovardam...
Que socorram aos medos
jogando-os no mar do perdão.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/12/2015