Eu existo.
Não decidi isto.
Não me consultaram....
O instante é uma coluna de mármore
branca, dura e fria...
Não fico na gangorra do humor.
Posso ganhar a guerra.
Mas perder a alma.
Posso ser amada e
não conseguir amar.
Posso até amar e nem ser amada.
Pois há areias movediças
sob os sentimentos sólidos
Há ventos que derrubam castelos.
E castelos que derrubam sonhos.
A prisão do inconsciente.
Indecifrável.
Recôndito.
A ditar escolhas híbridas
e bizarras.
A dor por vocação.
O riso por distração.
A compulsção por afetos perdidos
E cartas não escritas.
A matemática insana das perdas.
A física do empuxo.
E a astrologia a criticar os signos.
Como há de me entender
se nem mesmo eu me entendo?
Como hei de sintetizar o momento?
se meu relógio interior é pêndulo.
Eu existo.
A despeito de minha vontade.
Assim como existe a miséria e
a crueldade...
O mesmo gesto que atrai
é o que repulsa...
Podem parecer bons aqueles que afagam...
Mas pode parecer cruéis os que manipulam...
Eis que não tenho cavalo para amarrar no obelisco.
Não tenho espadas e escudo.
Não tenho a redoma para me proteger...
Tenho febre.
Tenho tosse,
e pouco sono...
A insônia é uma espécie
de consciência tardia.
E quando chega o amanhecer...
desabrocha impunemente
com o frio da manhã.
com o leve ar de ironia.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 18/12/2015