Tenho a mania de anotar tudo.
As ideias, os devaneios
a rima impossível
e a palavra engasgada...
Um dia desses, percebi
que a tinta secou
e a caneta não funcionava.
Lápis são mais confiáveis.
Mas quebram a ponta...
Em vão utilizei a força
que das palavras não pingavam
E na aridez solene
do papel em branco,
fiquei com as ideias soltas
a bailar absurdas
na consciência pontilhada...
Algumas anotações são confusas
Trazem a semântica corrompida
entre apitos, buracos e correria.
Há uma secreta semântica caótica em tudo.
Mas o pensamento crê reger tudo
simplesmente ao anotar.
O silêncio místico das vírgulas.
A singeleza de parágrafos banidos
da lógica.
mas inscritos na mármore metafísica.
Achei uma caneta finalmente.
E escrevi um sincero voto:
Que você tenha a mania de
desejar o que há de bom.
E que possa participar
da parte boa da vida.
E que possa aprender
com parte ruim.
No saldo geral há um
resíduo sensível,
as manias.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/12/2015
Alterado em 12/12/2015