A lama é tóxica
e o capitalismo também.
Romperam-se barragens...
Não se venceu a ambição de sempre.
A de lucrar cada vez mais
e rápido.
Adeus Tucunaré!
Vou me lembrar
sempre de seus olhos espantados...
Adeus Apaiari!
Adeus Acará-Camaleão...
Bem que eu te disse cochichando que
Não adiantava se esconder não...
Adeus corvina!
sempre fina e de gosto nobre
Adeus Cangati!
seus lábios rosáceos
pronunciavam beijos impossíveis.
Adeus Lambari!...
Com seu facho amarelo
e lustroso
eras um ouro garimpado
Adeus Piaba!
Nesses bosques e nessas águas
com você tinha mais graça
Adeus Piranha!
Você um tanto agressiva...
Mas se deixassem quietinha,
Tenho certeza que
não bolia com ninguém
Adeus Curimatã!
Com você também me despeço de Tupã
Das minhas raízes sem terras...
E de minhas terras já sem raízes.
Adeus Traíra!
Adeus Barrigudinho!
Esqueça a dieta,
pois a vida é mísera e breve.
Adeus Tilápia!
VIeste da África e da Ásia
para vir morrer logo por aqui
Adeus Piau!
Você tinha um semblante triste...
Eras bem miúdo e convincente.
Adeus Tamboatá!
Não me espere mais por lá...
Seguirei no sentido contrário.
Entrarei no túnel do tempo
Adeus Cascudo...!
Nunca te apelidei por maldade
E sempre lhe tive apreço
pois sempre soube da sua
missão de limpar e limpar...
Mas não limpe a consciência
dos maus.
Nada crescerá onde a lama invadiu...
Soterraram-se nascentes
O rio doce hoje
é uma amarga lembrança.
Apenas.
Hoje a doçura de suas águas
Conhecem o sal de minhas
lágrimas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/11/2015
Alterado em 30/11/2015