Estou aqui e
estou dentro
de minha imaginação.
Posso habitar
dois mundos diferentes.
Dois planos.
Dois horizontes.
E ter silêncios fonéticos
a expressar sentimentos mudos.
Estou dispersa pelas cortinas da casa,
esticada nos tapetes,
e,no brilho fosco dos talheres,,,
Estou no fio da faca,
no corte da navalha,
no fogo que crepita invisível
transformando gente em fênix
Estou dispersa e concentrada
em feudos mentais,
em alegorias psiquícas
em formas
e, sobretudo, em vírgulas.
Estou tão dispersa
que o vento é meu foguete
e me arremessa para galáxias distantes.
para dialetos onde sou iniciante
e. para símbolos
que ainda vou decifrar..
Ergo a mão
querendo tocar as nuvens,
as estrelas e os sonhos.
Mas em tudo que toco,
descubro um tesouro secreto.
Semânticas sub-reptícias
Palavras-chaves que abrem portas
e fecham fugas.
Estou dispersa.
A liberdade me invade
Como ondas que na lixiviação
esculpem gestos, passos
e estórias.
Cochicham com as pedras
sobre o caminho.
Acabada a escultura.
A Vênus que não é de Milo.
Não perdeu seus braços.
Apolo me conta que amarrou a beleza
no obelisco.
E passou ser meio belo apenas.
Diana me conta
que abandonou a caça.
E passa horas
tentando salvar o planeta.
Estou dispersa...
O infinito do multiverso
me engole.
Sou uma ínfima molécula num
oceano de mundos...
concisos, sólidos
e variado.
Sou uma palavra
num manuscrito antigo
que se apaga
todos os dias,
para reavivar a
dispersão na
memória.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/11/2015