Vou guardou meu silêncio
E me deixou as palavras
num eco semântico e discreto.
Vou guardou meu silêncio
dobrado em mil pedaços
envolto de lirismo fundamental.
Ao entardecer
quando as palavras
não mais sangram
Quando já se amputaram as pernas
e os caminhos
Fiquei a contemplar mapas,
anotações e
segredos de sobrevivência.
Por vezes, foi mais sábio
calar-se...
Por vezes, foi mais insano
falar-se...
Por vezes, foi mais humano
chorar compulsivamente
sem dizer uma única palavra.
Precisava purgar sentimentos...
Enxugar as enxurradas que limaram tudo...
lixiviaram o mundo,
de tudo que tinha significado...
todos os signos...
todas as mensagens
inscritas no corpo,
impressas na alma
e rascunhadas no verso.
Precisava apenas da catarse eloquente
de paredes retilíneas
e de cor lisa e única...
com manchas de uso
da hiprocresia.
Todos nós pagamos
por calar ou por falar
por perdoar ou condenar...
Só não pagamos pelas palavras
não-ditas,
pelas palavras malditas
que semearam ódios solúveis
pela ação do tempo.
Você guardou meu silêncio...
E, eu guardei a sua poesia.
Estamos todos guardados.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/11/2015
Alterado em 16/11/2015