Moderação
Moderação
Utilize com calma a poesia da manhã
Recolha com um conta-gôtas os orvalhos
desabrochados...
que se penduram entre pétalas
e se vestem de silêncio.
Utilize o lirismo da tarde
do sol altaneiro e tórrido
a queimar pele e olhos...
A fazer das sombras e das brisas
a incandescente poesia fugidia
que sussurra segredos indizíveis.
Passeie na consciência tênue
que se expande por reticências
na expressão facial que desenha espanto
ou ironia...
Quando finalmente ao primeiro rubor
do entardecer surgir deixe
incendiar sua alma...
permita o crepitar lentamente
cozinhando conteúdos, rimas,
estrofes e versos
num calor humano
que lembra o útero
e a noite faz-nos abortar a esperança
de que o tempo voltará...
que a estrada voltará a se iluminar
e apontará o horizonte...
e talvez
decifrará o apótema,
desafiará o paradoxo
e resolverá o dia...
na rima insensata
da fugaz alegria.
talvez noite
traga a moderação do
dia...
ou o pecado da primavera.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 06/11/2015