A flor de pedra esculpida
No limo das ideias falecidas
O perfume inauseante das flores
recém-nascidas
brotando da crueldade explícita,
para o infinito enigmático.
Pétalas caem com vento
larápio... que passa rápido e certeiro..
roubando a cor e o silêncio.
Tingindo de saudades o poente
sangrento.
Existem primaveras inteiras
em guerras devastadoras.
Existiram primaveras que atravessaram a fome.
A fuga.
A ausência de sentido.
Há uma primavera artificial em velórios...
Postada nas lápides
Inscritas de formas sub-reptícias.
O homem imita a flor e fenece.
A flor não imita a ninguém e fenece.
A flor roubada guarda um segredo...
A flor banida guarda outro...
Desses segredos intensos
Temos a possibilidade diária
de florescer...
de renascer...
de ressurgir...
Do nada, do quase-nada.
Da sobrevivência banal
para a experiência divina
de existir, ser e transcender.
A primavera é a transcendência do inverno.
É o prenúncio do verão.
E a delicadeza da incerteza.
Boa primavera!
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 22/09/2015
Alterado em 22/09/2015