Chuva nos olhos
Tenho chuva nos olhos
e raios no coração.
Minha energia crépida,
cálida e, a cada palavra.
há maior silêncio e ausência.
Há desertos cobertos de multidões
vazias e barulhentas.
Estou aqui e você não está.
Estou aqui e
trago lembranças em sacolas,
trago imagens impressas
em sentimentos
e não em papéis.
Onde as cores não desbotam.
E, os números
não a envelhecem.
São lineamentos.
Tenho símbolos sem legendas.
Tenho sentimentos criptografados
que só meu inconsciente
poderá traduzir.
E, depois de algum algoritmo
perco a conta,
desfaço a raiz quadrada.
E. encontro a potência de mim mesma.
Na virtualidade do sujeito.
Na impossibilidade do objeto.
Ou na relação que quero induzir.
Tenho objetos, relíquias e vestígios.
Roupas, escritos e confissões.
E, de repente perder tudo isto.
É a pura libertação.
É começar de novo da tábula rasa.
É escrever, inscrever e pós-escrever.
É amargar a culpa
com o açúcar dos diabéticos.
Tenho chuvas nos olhos.
E ouço trovões.
Intolerantes.
A trazer água, redenção
e o afogamento lírico
de mágoas.
De rudezas e monções.
Guarde-se de meus olhos.
E, fique com o sol do horizonte.
Lá bem longe.
Enterre seus tesouros
em seu mais profundo íntimo.
E, saberás que são eternos.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/08/2015