"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


De que me servem as palavras?
Se não me entendem.
Gosto de ficar só.
Com meus pensamentos,
meus livros, meus escritos
meus milhões de rascunhos
escritos à mão.

De que adianta toda lógica
cartesiana?
Se o mundo é assimétrico,
desigual e injusto.
Se a faz a ética parecer um ritual insano.
Se faz de nossos passos
um cerzir bebâdo num tecido roto.

Hoje me reservo ao silêncio.
Recolho-me dos olhares curiosos
Das perguntas retóricas
que nem merecem ser respondidas.
Quero escapar do amarelo dos sorrisos
tácitos.
Das mona-lisas contemporâneas
sem expressão e corpolentas

Por favor, deixem me pelo menos
a exatidão de estar sem compactuar
com isto tudo.
Ser quem eu sou.
Sem me sentir culpada 
ou um estranho 
que acordou num ninho errado.

Vim de outro tempo.
Conheci e fui amamentada por outros valores.
Humanos e respeitáveis.
De gentilezas explícitas e mensagens cordiais
implícitas.
Ganhávamos flores e chocolates.
Retrucávamos em olhares 
e com a delicadeza simples de meninas.

Vim de outro tempo.
Posso entender o seu.
Mas, me reservo ao direito de não aceitar.
Não aceito a indiferença.
Não aceito a intolerância.
Não aceito a desumanidade progressiva
e social.
Que enaltece aparências ao invés de essências.
Que prestigiar o vestir de um corpo e não
o revestimento da alma.

Deixem-me. Não tenho nada a dizer.
Nem a acrescentar.
Minha indignação é banal e irrelevante.
Pois na engrenagem dos dias
ossos, carne e almas são moídas
e transformados em pó...

Que o vento leva a dispersão...
Quem sabe assim, as coisas boas 
se espalhem
e floresçam.

Quem sabe assim,
as coisas más se perdem 
no abismo virulento
do tempo,
e passem a habitar
o mundo de coisas perdidas.

O dente da infância.
O primeiro anel.
O primeiro amor.
Eterno amor.
Luz cálida de um dia.
Da juventude sofrida
brigando com a realidade
com a esmola de apenas
sobreviver.

Deixem-me.
Pois meu legado está tatuado no silêncio.
Nos umbrais profundos
do pensamento
e, dormem entre as páginas do livro.
por debaixo do marcador,
Há um legado secreto
que só sabe resistir.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/08/2015
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