As luzes que se apagam na alma
O breu dos olhos que choram perdidos
em meio a dor e angústia.
Silêncio-navalha que cortam sentimentos
em fatias imperceptíveis.
Tudo isto era inesquecível.
Esse abajur a iluminar e a esconder
em penumbras
sequelas irremediáveis.
Lembro-me do calor de suas mãos.
Das flores a inundar perfumes disfusos.
As cortinas que bailavam com o vento.
Havia sempre uma porta nos fundos.
Uma rota de fuga.
Um corisco no céu que não é cometa.
A estrela que é sol
e aparece de dia.
O paradoxo em seus olhos
a quicar nas paredes do imaginário.
E o corpo arremessado
no abismo das paixões.
Quando quero te ver novamente.
Passa-me uma brisa estranha.
Não buscava nada.
Mas mesmo assim, eu te via.
Límpido e imponente.
As luzes lá longe apenas iluminam-se...
Pequenos holofotes
para fatos corriqueiros e banais.
Mas o brilho de seus olhos...
O brilho das palavras que polidas
saiam de sua boca.
Esclareciam e luziam.
Via tua boca.
Pronunciando-as.
Desejando-as.
Como uma canção sedutora.
Conduzia-me para a tradução
de teu pensamento.
Mas, eu não buscava nada.
Por isso, parti
sem nada dizer.
Tu és tanto, e
eu tão pouco.
Trago nas mãos apenas
pequenos poderes
escondidos.
E, tu tens um império
inteiro que se curva
cerimoniosamente
diante de sua beleza
e sedução.
Não posso amar,
se for súdita.
Por isso, parti.
Sem dizer adeus.
Deixando um rastro de enigmas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 04/08/2015