Não adianta, não te querem.
Não te desejam.
Há palavras demais.
Há verdades saltitantes.
Tudo é demais.
Tudo é tanto e ao mesmo tempo tão raso.
Tão laico.
Não adianta, não te creem.
Ainda que digas o que vês...
O que estupra a razão e o bom senso.
Rejeitam.
Renegam.
Ignoram.
Esquecem.
Tudo em violências gradativas.
Fragmentadas.
Imperceptíveis.
Com a constância de um relógio.
E a certeza da morte.
Nem todos serão aceitos.
Nem todos serão amados.
Nem todos amarão.
Apenas alguns.
E desses alguns...
uma minoria ainda menor,
saberá a dimensão.
Achará a trajetória.
Encontrará vida através de outros.
Não adianta, não te querem.
Sua insistência absurda.
Sua carência cancerígena.
Mata-te todos os dias.
Mas também morrerá.
E com ela,
o mistério desvendado
da origem da rejeição.
Se houver uma cura milagrosa.
Se houver uma mágica curativa
ou pelo menos paliativa.
Essa é a poesia.
Pois mesmo rejeitada,
não perde o viço.
Não perde o lirismo.
E brinca com os paradoxos
através de rimas.
Ou dos poetas transversos.
Que perversos,
transformam a agonia em arte.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 10/07/2015