"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


Entardecer grifado

Tudo que sei.
Se é que sei...
pois navego num mar de intensas dúvidas.

Tudo que sei...
é que não posso
dizer-lhe o que ocorre...

Meu silêncio enigmático
é semântico e doente
por perseguir algum sentido.

Tudo que sei
É que entre uma vaga e outra...
há um espectro de verdade.

E para cada ouvido atento,
há uma verdade conveniente
prestes a ser digerida
Há de ser deglutida.
Interiorizada pelas frestas da alma.

A alma e lama têm muito em comum...
A lama é água misturada com a terra.
A alma é corpo misturado com o espírito.
É a essência pastosa
de sentimentos, pensamentos
e hormônios.

Tudo que sei.
Que irei partir.
Estou de malas prontas.
Estou com a lama da alma
pronta
para erigir monumentos.

Podem não vê-los.
Podem não tocá-los.
Mas, existem.
Contundentemente existem.

E são tão concretos para mim.
Tão absolutamente palpáveis.
Que esse incômodo
é a poesia
que escorre de minhas mãos...
espalha-se pelos olhos.
E, deita-se displicentemente
na linha do horizonte.

E quando entardece...
riscando de vermelho o dia.
Grifa delicadamente o
significado das ações.
Dos afetos ou emoções.

Tudo que sei
que no mar de dúvidas
e tormentos.
Há um cais e um alento.
A poesia salva vidas e mortes.

Para a vida dá colorido e sentido.
Para a morte dá história e prestígio.

Até para morrer precisamos
de algum conhecimento.
Precisamos da eternidade medida.
Em anos, meses, dias e minutos.

Precisamos da estreita vantagem
de saber da morte,
de conviver com a morte.
E no drible,
ser sobrevivente.
Poeticamente sobrevivo.
Contemplar o fóssil.
E arqueologicamente
deixar vestígios...

Bebendo licores da primavera.
Catando as folhas caídas do outono.
Congelando sentimentos no inverno.
E derretendo almas no verão.

E, o sol não abandona a tez alva.
Fica indelevelmente rubra.
Como se estivesse
escrevendo na pele,
um bilhete romântico
composto de luz e cor.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 18/04/2015
Alterado em 18/04/2015
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários



Site do Escritor criado por Recanto das Letras
 
iDcionário Aulete

iDcionário Aulete