Passou um vento a levar minha poesia...
Rimas tilintavam no apanhador de sonhos.
E, ouvia-se claramente
suspiros na sala.
Passou a chuva e regou minha poesia...
sementes caóticas
misturavam cores e perfumes.
E as gotas suicidas,
se jogavam do alto de horizontes
esfumaçados por nuvens e agonias.
Passou novamente o vento...
embriagado de umidade
e trouxe o cheiro da terra.
Pássaros silentes atravessavam o céu...
riscando com suas asas
um azul imaginário.
Permaneci ereta.
Aguardando um sinal.
Um signo.
Um aceno qualquer.
Palavras simplesmente
caíam em meu colo.
Escorriam por meus olhos.
A despedida era inadiável.
Podíamos ter tudo.
Mas abortamos a manhã
ainda durante a madrugada.
O sol não raiou.
O dia nasceu tímido
e cambaleante.
Dormi.
Ao relento de esperanças
que foram verdes,
depois foram marrom
e ao fim, escureceram-se
no luto dos dias.
É a noite que as portas rangem.
Que a solidão lateja.
Que a cabeça atropela o coração.
Que esfacelado corre para o papel
a riscar malabarismos e
algum lirismo rústico.
Passou mais uma vez um vento.
Pulei em sua garupa...
Ligeira e lépida.
E galopei o dia,
num trote marcial.
Adieu mon captain.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 09/04/2015