Não consigo ler todos os signos.
Entender todos os símbolos
Acompanhar a narrativa
desse tempo contemporâneo.
Tempos aflitos, conflitivos e instantâneos.
Não importa mais o lugar.
Não importa mais o quando.
O aqui e agora é única coisa palpável.
O resto são condolências.
São prosopopeias...
São detalhes num abismo sem explicação.
Lá fora não chove o suficiente.
Lá fora a inteligência lateja e escorrega
numa ética pueril e vulgar.
Lá fora... o abismo nos seduz e nos consome.
Em seu rodopio cíclico e repugnante.
Arremesa para longe a lógica.
Joga fora a decência.
E só nos deixa a sobrevivência
sob o ranger de dentes.
Dentro de minha alma.
Cerraram-se finalmente as cortinas.
E a plateia está vazia.
Há um zumbido percorrendo a consciência.
Meu corpo é o que delimita o ser
e o faz integrar ao ambiente...
Como um animal indomável e ao
mesmo tempo submisso.
Reles animal acuado
diante da faminta dinâmica.
Que mói ossos,
lembranças e
bilhetes.
Trituram sentimentos com
argamassa branca.
E, os pendura nas nuvens
da manhã.
A chuva de lágrimas
conhece intimamente
os raios e lampejos de ódio
A indignação de viver injustiças,
desigualdades e
sobretudo na gangorra insana
do tempo.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 03/02/2015