Nos esbarramos nas arestas do mundo.
No gumes das facas.
Na encruzilhada cruel das ruas.
Calculei mal a tangente e
O resultado foi manchar
a camisa e memória.
Nossos fonemas juntos bradavam.
Por alguma agonia.
Pela esmola de um olhar.
Mas seu olhar
Era um spot
Cheio de luz
Cheio de requinte
Com o devorar da alma
Mastigada pelos dramas cotidianos.
Nos esbarramos sem querer.
O desajeitamento peculiar.
de nossas figuras longilíneas.
Pernas e tempo não combinam.
Especialmente nas ruas do Rio.
A cidade tem ginga própria
E sempre jabeia escapando
Do soco certeiro do tempo.
A poeira cósmica que entope
nossas narinas repletas de lirismo
Barato, vulgar e trôpego.
Prossigo procurando abrigo
Nos olhares desatentos.
Prossigo no estreito espaço
De infinito até em casa.
E, ao chegar.
Ao pousar as chaves na mesa.
Com a porta já fechada e
trancada.
Abro a porta das oportunidades.
Sento-me silenciosa.
E continuo a pensar em você.
Sem conseguir dizer uma palavra.
Gestos, sinais e odores.
Contextualizaram encontro
Tão inusitado:
O desconhecido com o acaso.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 24/01/2015
Alterado em 24/01/2015