Eis que é chegada a hora.
E num instante tudo
subitamente acaba.
A cortina desce.
O palco se apaga
As falas, as roupas,
os brilhos e o verbo
emudecem
Ficamos em silêncio.
Aguardando a fuzilaria do tempo.
A corroer nossos ossos.
A fragmentar nossos passos
que titubeantes erram o caminho.
Erram o erro cotidiano.
E comezinho.
Eis que a partida é inadiável.
Que os relógios não mais atrasam.
E o futuro finda
sem reticências
e sem brinde.
Nesse gole de água...
talvez o último, a sede
não é saciada.
Mas o fim
é apenas um recomeço.
E a morte
está cercada de vidas.
E a vida cercada
de mortes.
Perambulamos entre ilhas.
E disputamos os oceanos
com a maresia e
a plenitude cíclica
das ondas.
Meus segredos voaram pela janela.
E pousaram hoje.
Salientes sobre a cabeça
do Imperador.
Meus pensamentos foram reinar
sobre o passado.
Sobre o corpo que pende
não na forca.
Mas pendurado na alma que
quer ser plena.
Fico feliz que meus pensamentos
tenham coroado de
devaneios o risco provável
de algum lirismo..
Lirismo possível.
Risível e assimétrico.
Matematicamente infinito.
Geometricamente findo.
Sem arestas para o sol
entrar e se despedir do dia...
E sangrar por uma tarde inteira.
Numa hemorragia silenciosa e
sem rimas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/01/2015
Alterado em 24/01/2015