Abraço
O que queremos num abraço?
Proteção.
Afeto.
Identidade.
Um encontro de almas contingenciado por corpos.
Não importa a geografia.
Não importa a etnia.
Os raios de sol ou a chuva insistente
a molhar gestos para semear
compaixão.
O que queremos num abraço?
A lembrança de infância.
Um irmão circunstancial.
Um silêncio milagroso
que cura dores infinitas.
Um ritual humano.
Podemos abraçar por medo.
Podemos abraçar por desespero.
E, por solidariedade.
Abraçar por amor e saudade.
Abraçar por não ter palavras.
Ao abrir os braços e os chacras
irradiamos uma onda de emoção
capaz de tocar
até mesmo os indiferentes.
Os passantes e sobreviventes.
A vida não tem dado muitos abraços.
A vida está repleta de despertencimento.
A competição inestimável
pelo melhor em tudo.
Mas somos apenas humanos.
Desejamos sobreviver mas com alguma dignidade.
Desejamos crescer mas com algum afeto.
Desejamos conhecer o mundo inteiro para
visitar algum abraço.
Que num breve intervalo de tempo
fecha todas as maldições possíveis.
Acena com a aceitação incondicional.
E, abre as portas e mentes
para o outro.
A poesia é um abraço imaginário.
Virtual.
Abstrato.
De signos, significados
e sensibilidade.
Sinta-se abraçado hoje.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 21/12/2014