As flores ainda surpreendem as máquinas
A primavera ainda supreende o verão
que derrete misericordioso
o inverno solidificado
de nossos ossos...
O gesto surpreende o espaço
posto que seja movimento e
corrompa o previsível ou
a lógica da rotina.
A dispersão do pólen
atenta contra o espaço
e o oxigênio
parco e poluído...
Mas a vida está em tudo.
Somos caçadores
mas também somos a caça
Como escapar de nossos predadoes?
Como sobreviver aos paradoxos contínuos?
Sem perguntar ou
procurar a responder
uma pergunta sequer.
Sobreviver de silêncios decifrantes.
Posso ter asas e
voar livre pelo pensamento
Posso pousar plena na brisa
da manhã
e aportar no orvalho
amarrando-me ao cais da pétala
que acabou de aflorar...
Mas posso mergulhar na multidão
contida em mim mesma
E nas múltiplas vertentes
ser aquela justamente
oblíqua ao seu olhar.
Atada a sua atenção
E coberta de olhos isentos de paixão.
Vou passar pelo caminho.
Deixando fonemas.
Deixando rastros, vestígios e mistérios.
Desvendados.
E as chaves serão encontradas.
Nas razões anárquicas
de nossos sentimentos.
Nos afetos do acaso.
Na inexorável mania de criar vínculos.
Construir pontes e
atravessar dimensões.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/12/2014