Mimetismo
As palavras parecem que escorregaram
goela a baixo
e então fez-se silêncio de pedra
sólido, denso e perigoso.
Literalmente engolir desaforos,
enxovalhos...
cretinices explícitas
todas de mau gosto.
Não engordam
simplesmente adoecem.
Seguir reta.
Perfuro-contundente.
Impassível.
Com o brilho de olhar bovino
Como se contemplasse a paisagem
sem participar dela
Um levantamento aerofotogramétrico
Distante, frio
e profundamente observador
Sentimentos isolados na ilha racional.
Gestos tolidos
com a polidez da civilização.
Roupas adequadas
Como embalagem obrigatória
da elegância
e de bom senso.
O mimetismo profissional perfeito.
Que bem disfarça
a selvageria da concorrência.
A maratona de saberes em torno do
eixo contemporâneo.
O périplo das ideias a percorrer
desconfianças e crenças.
Nem tudo é possível ou
imaginário.
Meus óculos estão sujos.
Ou as imagens são borradas.
Meus sapatos estão sujos.
Ou os caminhos são enlameados.
Minha mão está dormente.
Ou a realidade está eletrificada.
Dúvidas são certezas
interrogáveis.
Não basta enxergar.
É preciso interagir.
Dialogar.
Questionar.
Resistir.
Pois cada sobrevivência
tem o seu preço.
Modificar o modificar-se.
Customizar-se...
Puir-se cumprindo a sina
ao pó voltarás...
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/10/2014
Alterado em 16/10/2014