Naufrágio
A palavra
silabada, grafada, falada e gritada...
A poesia do vento de outono.
O lirismo das folhas
caídas e rendidas pela estação.
A palavra.
Sua mão contém mil palavras.
Suas pernas escrevem mil linhas por cada passada.
E na esquina ocorre o
encontro enigmático
Da semântica com o símbolo...
Casal sestroso que teimam
em não se conciliarem.
A palavra no M de sua mão.
De punhos cerrados.
De luta renhida.
De sangue e bravatas.
A exclamação .
O espasmo singular da vírgula.
A ilhota do parágrafo.
E, o triunfo da nota de rodapé...
Destacada, pequena mas esclarecedora.
Redentora de dúvidas ou mágoas.
Eu amo a palavra.
Sexualmente eu acho.
Encaixo cada palavra,
cada verbo,
cada sentido
nos múltiplos vetores
o tempo, o espaço e a emoção.
E há prazer infinito da
expressão...
Palavra.
Deixei-a num bilhete.
O último bilhete.
Entristecido por dizer menos que deveria.
Ou mais que fosse necessário.
Perdoa...
Tenho excesso de palavras...
que servem para enxuguar o
mar de lágrimas em que naufraguei
essa manhã.
Preciso da palavra âncora.
Assim como preciso do oxigênio.
É mágico o encaixe perfeito entre
a palavra e o silêncio.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 22/08/2014