Ne me quitte pas
Como abandonar esse cais
encravado em meu peito?
E as emoções são ondas que vão
e vem do além.
Como fazer as malas e partir?
Como escrever o bilhete
de parcas palavras
e de semântica gestual...
Como posso cortar as amarras
que se agarram e não querem
desabraçar a terra firme?
Essa rotina de cores frequentes
a dança do arco-iris
a colorir a tarde morrendo.
Como caminhar por essa ponte
se não posso ultrapassar a
fronteira do possível.
Não somos eternos.
E os relógios zombam
de nossas perdas.
Abismos abrem portais
onde a sanidade ensaia construir
novo sistema solar.
Mas, hoje não amanheceu.
A vida nublou.
E suas lágrimas eram a
chuva para semear mágoas...
Como posso abandonar e
partir?
Sem deixar os fragmentos...
sem olhar para atrás.
Sem sentir remorsos.
Sem ter a impressão de
que já vou tarde.
Nas páginas pálidas do
diário os registros
moribundos contam
apenas almas previsíveis...
Se eu abandonar
Significa que a liberdade venceu.
O infinito se expandiu
E, concluiu as reticências
de todas as estórias.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/06/2014
Alterado em 02/11/2014