A ira de Deus é sagrada.
O amor dos homens
é efêmero.
A ira dos anjos é imantada.
O afeto das crianças é vento.
Que sopra o pólen
Torna todos os cantos
em primaveras potenciais.
A ira das fadas é folia.
O carinho dos gnomos é hipnose.
As fadas voam e se revelam.
Os gnomos andam e se escondem.
Entre o sagrado e o profano.
Ficamos a sós.
Entre existir e ser.
Entre o tudo e o nada.
Entre a primavera incadescente
e os invernos glaciais.
Há tanta vida na ira.
Nos afetos,
nas brincadeiras.
No tempo que
é eternamente efêmero.
Há tanta vida na hipnose.
No mergulho cego em nós mesmo.
No poço fundo das emoções.
Na foz de todas as lágrimas
Na raiz de todas as angústias.
Na gangorra suicida das
sensações.
Passada a ira.
Divina ou não.
O milagre do perdão.
Faz despertar novas vidas.
Novo fôlego.
Mas a alma amarrotada.
Ressente-se.
Do calor firme do ventre.
Da mão que acalenta.
Da proteção da matilha.
Somos todos uivantes.
Diante do sol sangrando
nossas dores mais ocultas.
Somos sagrados porque vivos.
Somos vivos porque profanos.
E mágicos porque poetas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/06/2014