O começo improvável
a correnteza enigmática
de onde vem e para onde vai
a viagem retilínea e infinita
não há horizontes imortais
rio sem água...
desertos de passos titubeantes
a errar o caminho
e sem conhecer oásis
Sombras sem sol.
luz sem visão e
palavras sem som.
Riscos traçam
a arquitetura invisível
do possível
Dicionários estreitam
a comunicação
semântica.
Há o começo improvável
regando a primavera imaginária.
Flores que em botão
morreram antes do inverno.
Outonos contornam folhas
fossilizadas na
memória entorpecida
do tempo.
O tempo e suas estações
Sem paradas.
Sem baldeação.
Transferências inexplicáveis.
Carinhos convexos
em histórias repetidas.
Quadrinhos.
Interjeição.
E a poesia lavando almas
pelo curral do lirismo.
O começo chegou o fim.
Recomeçar é um desafio.
Continuar com ou sem
esperanças.
Um passo depois do outro.
E deixar as pegadas
como herança.