Novamente eu aqui
a sentir ausências.
Despertencimento.
Nudez mental.
Novamente eu aqui.
Geograficamente equivocada.
Socialmente deslocada.
A gaucheou a droit
tanto faz.
As bússolas não mostram
o caminho.
Porque não conhecem o destino.
Não sabem ler os astros,
o horóscopo e as alma,
nem sabem decifraros
oráculos do acaso.
Novamente eu aqui.
Sentindo faltas.
Falhas.
Cacofonias e metáforas
não compreensíveis
Fonemas gemidos
sistematicamente
rogando atenção
dos passantes.
Humanos ou não.
Novamente eu aqui
À porta.
Trazendo na bagagem
saudades e mágoas
desarrumadas
e sobrepostas.
Novamente aqui.
Sentimentos mofados.
Respiração espaçada.
E, na mãos
a irremediável poesia
diluída no sangue.
Apesar de repetir o gesto
não alcanço o momento
que já virou estória ou
excremento.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 05/05/2014
Alterado em 05/05/2014