Momentos da narrativa.
Peças teatrais.
Personagens fugidios que alteram a estória.
Ou será história?
Infecto-contagioso que impregna o agir,
o respirar e o escrever.
Fecho a porta
Resta-me a reflexão da persiana.
A iluminar de forma transversa
e a penetrar em trevas íntimas.
Misericórdia.
Piedade.
Compaixão
Sentimentos nobres ou culpa vulgarizada?
Entrego aos deuses.
E aguardo um sinal como resposta.
Um mínimo sinal que seja.
Uma nesga, núvem ou nódoa.
Olho para o céu para recuperar
a trilha.
Algum vestígio.
Fonemas mágicos de encantamento.
Um sopro de vento uivando
segredos indecifráveis.
Mensagens blindadas
de medo ou omissão.
Peripécia entender tudo isso.
Redigir a metanarrativa.
Traduzir a metalinguagem.
E sair da metáfora
através da metonímia.
Ajudar você
por tudo que um dia,
talvez um dia muito distante
de hoje...
um quase nunca
pelo tanto que amei.
Ou atravessar a encruzilhada
do egoísmo
e apenas lhe
ajudar
por você ser um ser humano
digno de misericórdia.
Por sua rotunda solidão.
Por seu abismo pessoal e
intransferível.
Ajudar.
E depois ficar com raiva
por não se vingar de tudo.
Peripécia
é querer ser sobrevivente
e poeta.
é querer ser eterno
e fugaz.
Dizer a última palavra
no mais absoluto silêncio.
As verdades se entreolham na
sala de estar.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/05/2014