Corro atrás do tempo.
Tenho que fazer tudo a tempo.
Porque não se espera.
A estação lá fora não espera.
O outono de folhas marcadas
caídas no chão
a encobrir as pegadas,
os rastros.
Corro muito.
O batimento cardíaco acelerado.
Correndo e sofrendo por ansiedade.
O que estará depois da porta?
depois de abrir a janela?
e ao dobrar a esquina?
E, ao atravessar a rua.
Será que haverá depois?
Posto que tudo é finito.
Nós somos seres inacabados
nem tempo finito.
Pois tudo é findo ou
simplesmente se encaminha
para o fim.
A vida tangencia a morte.
E a morte tangencia a vida.
Há perigos em todos lados.
Para os cegos e os videntes.
Para os ouvintes e os surdos.
Para os espertos e os débeis..
Há estatísticas que contabilizam
inexoravelmente todas as
tragédias cotidianas.
Alertando e enumerando
os perigos.
Corro demais.
Vivencio essa aflição constante.
Como uma maldição mítica.
E, em meu olimpo particular.
As horas conhecem tons diferentes.
As badaladas mágicas
que envelhecem as paredes
e minha fisionomia.
Não é pressa.
É apenas aflição de um
espírito que quer se libertar
dos limites.
Abrir-se com a plenitude
para entrega final.
Deixar o factual e
incorporar o cosmos.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 31/03/2014