Não posso ir até você.
É inalcançável.
Os mortais não conhecem sua essência.
E esse perfume que inunda
o ambiente de delicadeza
e presença.
Não posso ver você.
Só em meus sonhos.
Só em meus delírios febris.
Inflamados de dor e culpa.
Sua imagem ainda desbota tons
escuros que maculam o
silêncio.
Não posso ir até você.
Você é inatingível.
Fincada no labirinto perdido.
É a senha indecifrável.
O afeto de cristal
irremediavelmente quebrado.
Meu pensamento não se acostuma
em nunca mais saber de você.
Pensar e revisitar tantas coisas.
Abandonar-se num deserto
de falta de sinais.
Um dia a ferida para
de sangrar.
Estanca.
Crostifica.
E então serás o esquecimento
pontuado de incógnita.
Uma anotação escondida.
Uma página rasgada.
Palavras apagadas
com ação do tempo e das
águas da última lágrima.
Se um dia você
lembrar
eu não estarei mais aqui
à sua espera.
Teremos construído
um ponto de desencontro
no meio do infinito.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/03/2014
Alterado em 28/03/2014