No meio.
Está sempre no meio do caminho.
No meio da palavra.
No meio do silêncio.
No meio da pausa.
No meio do meio.
Na mediatriz inexata dos instantes.
Na fração indivisa da memória.
No meio.
E tudo em volta convexo.
Ou côncavo.
E tudo em complexo interligado.
Sorrateiramente conectado por
vias diretas ou indiretas.
No lirismo óbvio dos dias.
Na languidez evidente das noites.
Na tarde que morre sangrando
pelos horizontes.
Está sempre no meio.
No meio do corpo, o coração.
No meio do passo, o destino.
No meio da alma, a vocação.
No meio da promessa, a esperança.
No meio da vida, a razão.
Que chega e,
se expande até a morte.
Quando morremos.
O meio chega ao fim...
Estaremos em meio a natureza.
Transmutando-se em adubo
para as flores de uma
floresta invisível.
Quando finalmente morremos.
O moto contínuo fica
definitivamente travado.
Com uma lápide em cima registrando
o nome, o nascimento e a morte.
Quando finalmente morremos.
Deixamos de ser vetores
para participar do vento
e se perder no infinito.
Deixamos de ser poesia plena,
para ser apenas o verso.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/01/2014