Tabuleta
A semântica sábia do vento.
A fonética intensa do silêncio.
Ao afeto engavetado.
Ao abraço apertado de urso.
Ao aceno fatal do
gesto de adeus.
Homenageio hoje os mortos,
os vivos,
e os que vão morrer, mas
sendo eternos
não temem o fim.
Pois o infinito é um poema
enquanto somos a rima.
O quem sabe a aliteração?
Sutil de um tempo.
Invisível ao corpo nu.
Não tive tanto afeto
Não inspirei tanta poesia.
Fui banal, comum
e acidental.
Fui reles pensando ser especial.
Fui especialmente reles,
tentando ser marcante.
Sou apenas um número
de uma estatística.
Enfiada num planeta confuso
de destruição compulsiva.
E, onde a selva está muito mais
perto que nossos medos podem avisar...
A tabuleta lá fora avisa:
É proibido fumar...
Se viver decentemente é atentar
periodicamente contra a vida...
E os insucessos do suicídio tácito
se traduziu em retórica.
E diante desses perigos
intermitentes...
Como posso eu renegar?
esse vento,
esse silêncio,
esse afeto?
sem querer despedir-me.
E fechar o punho
num gesto de guerra.
Nos matamos exatamente
por aquilo que queremos viver...
A vida é paradoxo.
A morte é antídoto.
E, nossa vontade é o breve intervalo
entre uma coisa e
outra.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/11/2013