Sua boca não falava.
O que seus olhos denunciavam
A boca cotejava o silêncio.
Mas os olhos estavam atônitos de
tanta semântica e sentimentos.
Sua mão desenhava um fóssil
de afeto encravado na rocha vulcânica
dentro de seu coração.
Na floresta petrificada moram as folhas
Que exibem escarpas como espinhos…
E as flores cortam o horizonte
com cores e perfumes.
A sombra era sólida
e as nuvens líquidas.
O azul de chumbo refletia nas esculturas
de esmeralda morta,
a esperança tardia
no veio seco da caverna.
A esperança era histórica.
E o presente, o enigma decifrável.
Pelas circunstâncias que conspiravam
o final feliz que nunca aconteceu.
Não sabíamos se era o final que não veio,
Ou o começo que nunca aconteceu.
Estar simplesmente se opõe ao ser.
Uma gota de lágrima
no canto de seu olho
Era um oásis resplandecente.
Que atestava sua sensibilidade
ainda presente.
Suas emoções compareceram
pontualmente marcando ponto na face.
Na face do tempo.
Na face do vento.
Na face sem rosto,
anônima e vulgar.
Do alto das montanhas emocionais
Camadas sobre camadas sobrepostas à
sobrevivência sofrida e cálida.
As vezes sobreviver calado
Pode parecer estar morto.
As mãos ora expressivas,
ora decepcionadas
pelo abismo inatingível.
Rente aos olhos
Tão próximo e infinito.
Os gestos patéticos
se esgueiravam em vão,
a fim de lhe tocar
Como se a magia do toque
ressuscitasse essências.
Sem tato, a convivência
era apenas imaginária
e onírica.
Seus olhos côncavos
em oração fonética e sussurrante
Contavam dores abertas
e chagas explícitas
juntamente
com as saudades agonizantes.
Fendas delicadas contornam
a geologia humana…
Do pó vieste e ao pó voltarás.
E as raízes moídas espalhavam
vidas inexplicáveis
pelo meio do caminho.
Curvas, retas e entrâncias
resumiam do corpo e a
fisiologia.
Vidas, fatos e habitantes
inesperados surgem no contexto
tão-somente
genético, histórico e atávico.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/10/2013