Queria ver você agora.
Em pensamento,
eu sei que lhe tenho.

Queria ter você agora.
Em pensamento,
eu sei que lhe vejo.
Ou vejo aquilo que
você quer mostrar.

Nessa visão, você pulsava junto ao fado.
Era tão pujente que arrancava agudos
do bandolim.

Os passarinhos lá fora em revoada
Desenhavam cortejos
num encontro somente de auras.

Luzes se fundem.
E transcendem
o abismo dos limites.

Queria sentir sua luz
em minhas trevas particulares.


Perto da janela, junto ao trinco.
Dentro do silêncio intrigante
Decifrar-lhe-ei os desejos e angústias.

Em plena nudez encontraríamos
um corpo improvável,
um sentido assimétrico.
E, uma alma fugidia.

Há uma nesga de afeto.
Repleto de acalanto em vozes velhas.
E, uma sensação de dejà-vu.

Eu já senti.
Há um novo e oculto desejo.
Oculto de mim e de ti.