Certeira mesmice
meus olhos desbotam
e perpassam imagens já desbotadas
pela luz do sol ou pelo cansaço do dia
e o azul desmaiado do céu
a anunciar vertigens
esquecidas
como um pouco de éter esquecido num frasco quebrado
e encosto na cadeira
quase com a mesma displicência
de quem ignora
o entrar e sair de tanta gente
e os ruídos se sucedem..
em diferentes direções
em diferentes intensidades
mas meus sentidos esmaecem
parecem amortecidos,
dormentes
como membros que se privam da circulação sanguínea
mas a vida nos entope de almas
e cores,
em polens das flores que insistem em
nos fazer espirrar...
eu odeio espirrar.
é muito desperdício,
gotas e vírus
que irradiam
em tudo, em todos
são anti-higiênicos...
sobra muito pouco do ser humano
quando morrem
cinzas, talvez...
ossos, talvez ...
lembranças, talvez
e muita mesmice certamente.
Vivemos com a certeza da dúvida
Com a imprecisão da ignorância
E a certeira mesmice.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/03/2007
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