"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos

Porque
Porque o que quero,
minhas palavras não sabem dizer
Porque o que sei,
minhas ações não sabem revelar
Ando em desalinho, cabelos ao vento, rosto lavado
Expressão sonolenta, arrastando pelo corpo alguma alma
dependurada no varal da distração,
trajada em borralho

Porque o que meu coração precisa,
só há na selva,
no silêncio incrustado das montanhas,
no brilho secreto dos cristais.

Nos invernos mais frios e densos
A congelar a sensação de fastio e de afeto


Um gesto, um aceno
Um quase sorriso, um olhar pontilhado
de saudades e de remorsos


Porque o que sinto,
não tenho como lhe dar
Nem lhe falar,
Nem lhe revelar.


Os muros de minha consciência estão pixados.
de palavras de baixo calão.
Estão sujos pela indiferença peregrina


Porque não tenho os medos comuns
e humanos
Porque não vejo o que apenas me aparece
Nem o que a luz apenas bafeja


Leio nas trevas dos olhos alheios
segredos pungentes.
Na tarde do outono leio ainda
a vida que se esvaiu por dentre as folhas.
Secas e reverberantes ao vento, e
as tempestades.


Porque não posso partir simplesmente
Ainda que tudo seja finito,
seja fugidio.


Seja uma gota molecular
num imenso horizonte
perdido de suas mãos.
Seja um orvalho bastardo
numa manhã acidental.

Porque tudo que sinto,
não podem as palavras
traduzirem
sem traírem com fonemas e semânticas.
o que só o silêncio escutou.




GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 24/05/2010
Alterado em 24/05/2010
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários



Site do Escritor criado por Recanto das Letras
 
iDcionário Aulete

iDcionário Aulete