expectativa
a espera contida nos sofás
a atmosfera apreendida nos divãs
no papel de parede as flores mortas
de uma primavera esquecida
nuvens esperam chuva
crianças esperam atenção
homens esperam erotismo
mulheres aguardam nova ilusão
a pontiaguda lança a ferir
o corpo e
a provocar lascinantes dores
não há mais esperanças
mas esperas redundantes
falas já ouvidas
frases clichês
rimas estúpidas
semânticas corrompidas
pela moeda da paixão ou
do romantismo
a espera contida nessa sala
repleta de ar expectante
em oxigênio
olhos de ônix negros
e repleto de trevas
a espera liberta do céu chuvoso
o cõncavo das mãos
a implorar pela esmola diária
de atenção
fecho o vestido,
fecho o caixão
fecho as portas,
e, não espero mais...
parto sem hora para voltar
sem muitas formas de partir
e dizer adeus diariamente.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/11/2008
Alterado em 12/03/2009
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